ARTIGO: Picapes e sustentabilidade: veículos elétricos como solução para reduzir o impacto ambiental?


*Luís Antônio Sebben, Diretor-Executivo na Ford Slaviero e Vice-Presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave)

A chegada dos carros elétricos e híbridos no Brasil tem despertado o interesse dos consumidores, que estão optando por esses modelos na hora de comprar um veículo novo. Nos últimos anos, as vendas de automóveis com menor impacto ambiental registraram um crescimento de 50%. Atualmente, um em cada 7 modelos vendidos são eletrificados ou híbridos. A expectativa é que, até 2025, esse número alcance 1 a cada 5 e, posteriormente, 2 a cada 5 até 2030. A previsão mais audaciosa é que, em 2040, as vendas globais de carros novos sejam exclusivamente de veículos elétricos.

Uma novidade no setor são as picapes elétricas ou híbridas, que ainda não estão consolidadas no Brasil. Recentemente, foi lançada a primeira picape híbrida do mercado nacional, com foco no plano de eletrificação devido à crescente demanda por esse modelo, que continua sendo um dos mais vendidos no país. Seguindo a tendência dos SUVs, pioneiros nos testes de eletrificação, as picapes apresentam-se como promissoras para uma mobilidade com pegada de carbono reduzida, superando SUVs e sedãs médios na redução de emissões de gases de efeito estufa. Considerando a popularidade das picapes a combustão, a introdução desses modelos híbridos e elétricos é de suma importância para a construção de um futuro mais sustentável.

Quanto maior o veículo, maior é a redução total de emissões ao substituir o motor a combustão por um elétrico. Estudos indicam que, em média, a redução de dióxido de carbono equivalente é de 45 toneladas para sedãs, 56 toneladas para SUVs e 74 toneladas para picapes ao longo de sua vida útil. Embora os veículos elétricos gerem mais gases de efeito estufa em sua fabricação do que os veículos com motor a combustão, devido à produção de baterias, esse impacto é compensado pela economia na operação. Em termos de emissões, os veículos elétricos são mais limpos que os híbridos.

Outra preocupação comum sobre carros elétricos é a substituição da bateria, que é, de fato, um componente custoso. Entretanto, vale ressaltar que as baterias usadas nesses veículos têm alta durabilidade e, quando utilizadas corretamente, podem durar cerca de 15 anos. Além disso, os custos das baterias têm diminuído consideravelmente, e a possibilidade de trocar por baterias remanufaturadas, custando cerca de 60% do valor original, é uma perspectiva futura. Imprescindível mencionar que, geralmente, o serviço de substituição é coberto pela garantia do veículo, que abrange um período de 8 anos ou 160 mil km.

A discussão sobre se esses modelos realmente reduzem os impactos nas emissões de gases de efeito estufa ainda está em andamento. No entanto,  as vendas de carros elétricos e o desenvolvimento da infraestrutura de carregamento têm avançado em quase todas as regiões do mundo. Na Europa, por exemplo, leis foram aprovadas para facilitar o carregamento de veículos elétricos, com a instalação de estações de recarga  a cada 60 km nas principais rotas até 2026. Além disso, a simplificação do pagamento é uma meta, pois muitas estações exigem assinaturas ou o download de aplicativos para efetuar o pagamento. O continente europeu também pretende zerar as emissões de gás carbono dos veículos até 2035, o que significa que carros a combustão não serão mais vendidos. Apesar dos desafios, o Brasil mostra-se promissor na infraestrutura para o setor, com diversas alternativas de energia de baixo carbono associadas às tecnologias apropriadas, atendendo não só às metas de redução, mas também ao bolso do consumidor.

As rotas tecnológicas são diversas, desde motores a combustão eficientes até veículos elétricos ou movidos a hidrogênio, passando por soluções híbridas. Recentemente, foi enviado ao Congresso Nacional um projeto de lei que poderá resultar na redução de até 5 bilhões de litros de gasolina por ano. Além disso, o Brasil investirá cerca de 14 bilhões de reais na infraestrutura de recarga para veículos elétricos até 2035. A conclusão é que, independentemente do modelo, avançamos rumo a um futuro totalmente elétrico.

*Luís Antônio Sebben, Diretor-Executivo na Ford Slaviero e Vice-Presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave)


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